O Instituto das Servas do Sagrado Coração de Jesus Agonizante, é uma comunidade de pessoas que optaram por viver juntas, para continuar na Igreja a obra de salvação, para testemunhar pela união fraterna o Evangelho a todos os homens e sua fé na ressurreição futura . A reparação e o serviço aos mais pobres esprimem a finalidade e o carisma específico do Instituto.

1 de mar. de 2011

Cuidar da vida, um desafio.



Diocese de Santo André, 17 de fevereiro de 2011.
“O Senhor Deus tomou o homem e colocou-o no jardim do Éden para cultivá-lo e guardá-lo” (Gn 2, 15).
A leitura dos primeiros capítulos da Bíblia mostra que nós somos o objeto principal do amor de Deus. De fato, Ele nos tirou da terra para nos introduzir em um belíssimo jardim, o Éden. Fomos feitos com carinho pelas mãos do Pai e vocacionados a ser, em toda a nossa existência, a Sua imagem mais perfeita no mundo.
Perceba no versículo proposto que recebemos do Criador uma tarefa clara: cultivar e guardar a terra.
Em primeiro lugar essa “terra” é a nossa própria vida. O propósito divino é que sejamos um jardim bem florido, irrigado, cheio de vida, e não um deserto terrível (cf. Is 51, 3). Isso significa que Deus quer a nossa felicidade, e que Ele tem um plano para nos levar a essa abundância, que passa necessariamente pela adesão a Cristo.
Quando vivemos em paz com Deus, isto é, combatendo as fraquezas de nossa frágil natureza humana, gozamos de paz conosco mesmos e, sobretudo, com as pessoas à nossa volta. Aí atingimos esse grau que Deus espera de nós, esse estágio de harmonia, de alegria, de felicidade, de perdão aos outros, de amor, de solidariedade.
A razão pela qual Jesus, no início do Seu ministério, dirigiu-se, sob a moção do Espírito Santo ao deserto, é a mesma pela qual adentramos esse tempo litúrgico, a Quaresma. E que razão é essa? Purificar o próprio projeto de vida frente ao chamado de Deus. No deserto Cristo foi tentado a abandonar Seu propósito de vida, frente aos ‘prazeres’ que Lhe foram apresentados. Na Quaresma, que nos prepara para a maior festa cristã, a Páscoa, também somos confrontados “no deserto”, em meio às piedosas práticas do jejum, da oração e da caridade; são 40 dias difíceis, de purificação mesmo, de duras provas, ou seja, de “chances do céu” para nos tornar pessoas melhores.
Foi no deserto que Israel aprendeu a obediência a Deus, a duras penas, para então entrar na Terra Prometida. Foi no deserto que Jesus fortaleceu-se espiritualmente para assumir Sua missão com poder. Perceba que o deserto é lugar de passagem apenas, jamais nosso fim último.
Em sua vida também o deserto, ou seja, as provas, não são o destino final. Não se iluda, Deus quer o seu bem, quer que sua vida seja uma contínua bênção, um jardim florido. Por isso, Ele permite tempos de prova em sua jornada, para te refinar e te fazer entrar de vez na posse da vida abundante. Vida a ser cultivada e guardada…
Caso ainda não estejamos usufruindo dessa maravilhosa vida, que o Éden tão bem representa, é porque não temos cultivado e cuidado bem de nosso jardim. Se você fizer sua parte, Deus fará a Dele, e o(a) manterá irrigado(a) e florido(a). Se, contudo, negligenciarmos nosso papel, viveremos em estado desértico, áridos, sem vida, sem cores. O descuido do ser humano com a própria vida reflete-se, entre outras coisas, no descuido com a natureza. Por essa razão, na Campanha da Fraternidade (CF) desse ano, a Igreja no Brasil lança um olhar preocupado sobre a nossa relação com todas as formas de vida no planeta. Estão aí questões problemáticas: aquecimento global, mudanças climáticas, tragédias naturais em toda parte etc.
A Igreja, como mãe, além de preocupar-se com o bem espiritual de cada fiel – instruindo-nos à penitência no período quaresmal, para nos fazer mais semelhantes a Jesus –, desafia-nos ao compromisso de tratar a vida no planeta, vendo-o como se fosse uma pessoa muito querida, não um conjunto de coisas descartáveis.
Se aprendermos a cuidar da Terra, que é dom de Deus colocado em nossas mãos, garantiremos um futuro cheio de esperança aos que nos sucederão. Todavia, se novamente, como muitos tem feito com a terra de suas vidas, descuidarmos desse patrimônio que é a natureza, sofremos as conseqüências de nossas más escolhas.
Como disse o apóstolo Paulo, no texto que motiva essa CF, “a criação geme em dores de parto” (Rm 8, 22); ela grita, ela chora, ela padece em função de nossos erros em sua administração (cultivo e cuidado).
Se tivéssemos um mundo mais cristão, certamente não precisaríamos estar refletindo sobre questões ecológicas na Quaresma, diante do sinal de alerta que a mês a mês, ano a ano, nosso planeta tem emitido… Se cada um de nós, aproveitando esse tempo favorável de conversão, passar a cuidar melhor de sua própria vida, incluindo sua espiritualidade, voltando-se para Deus, buscando a confissão e o jejum e, principalmente a Eucaristia (que será celebrada diariamente em nossa Paróquia na Quaresma), certamente teremos atitudes novas em nossa relação com o mundo onde vivemos, mudando hábitos, evitando desperdícios e incentivando ações de sustentabilidade.
Ter o Paraíso, assim, tanto individualmente, como socialmente, depende de uma decisão nossa. Só vive no deserto quem quer, já que da parte de Deus não falta recursos para nos fazer reflorescer sempre que O buscamos.
O mundo ainda tem jeito, porque o ser humano, em Cristo, ainda tem jeito! Deus conta com você. Faça a sua parte, desperte para o que tem ocorrido ao seu redor e dentro de você. Entenda o seu papel na construção de um tempo mais feliz e sustentável. Coopere com o Criador, cultive e guarde o que está ao teu alcance. Deixe de fazer mal a você mesmo, andando no pecado; deixe de estragar o planeta, vivendo na indiferença, que outra coisa não é senão produto do pecado social, de uma sociedade que tirou Deus do centro e entronizou o deus desse mundo, os prazeres, a ganância, a exploração, e vem colhendo o resultado de sua semeadura: miséria, destruição, escassez de água, até mesmo de ar puro. Jesus deu um basta à tentação; faça o mesmo. Cuide-se e cuide.

Padre Augusto Cesar
Paróquia Nossa Senhora de Fátima – SBCampo

Fonte:
http://www.diocesesantoandre.org.br

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